O Olho e a Língua: O PassadoFuturodas Imagens
Miguel Leal
Conferencista
Quarta-feira, 06 de abril, às 18h no Auditório do Museu Coleção Berardo
Entrada Livre
Bio do conferencista
Miguel Leal (Porto,1967).
Artista plástico.
Estudou Artes Plásticas, Pintura, História da Arte e Comunicação e Linguagem no Porto e em Lisboa.
É professor de Artes Plásticas e Multimédia na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
Resumo da Conferência
Há na relação entre as imagens e as palavras qualquer coisa que esquecemos e que vem dessa ligação física e directa entre o olho e a língua.
É talvez isso que se sente nos olhos que se fecham quando gritamos ou na mudez que nos invade quando uma imagem nos captura.
Sabemos como a psicanálise se funda na palavra, no poder arqueológico da linguagem, num processo gradual de passagem do somático ao semântico.
Sabemos também do poder mais ou menos selvagem das imagens e do modo como tantas vezes usamos as palavras como um instrumento para a sua domesticação.
Mas haverá, como se diz, algo que torna as imagens irredutíveis a à palavra?
Ou será que na verdade são as imagens que nos falam, numa outra língua?
Houve um tempo em que as imagens foram raras e exclusivas, houve depois um tempo em que inventámos máquinas e alquimias que multiplicaram as imagens, e há agora um tempo em que as imagens se tornaram omnívoras, impondo-se como veículos primeiros e quase automáticos de expressão, alimentando um imenso arquivo que cresce sem aparente fim ou finalidade.
Como reconhecer então a essas imagens, sugadas pelo arquivo e pelos bits da informação numérica, algo mais do que um sentido arqueológico? Como ver nas imagens um passado futuro, uma futorologia capaz de inquirir o que há-de vir, quase como se ver uma imagem fosse ouvir um oráculo?